A VISÃO/SUICÍDIO
Depois da cerimónia na igreja e do almoço seguiu-se um bailarico. Foi nessa altura de alegria e brincadeira que de repente vi estarrecida a minha tia morta. Assustada nos meus oito aninhos, sem perceber o que estava a ver, corri à procura da minha tia preferida. Ela estava ali, linda no seu vestido branco de renda e tule. Pura, serena. No rosto emoldurado por longos cachos de cabelo, um sorriso de felicidade enquanto rodopiava nos braços do agora meu tio.
Era este o quadro à frente dos meus olhos, que quadro era então aquele onde eu vira momentos antes coisas tão tristes e terríveis na vida da minha Titi?
Embora tivesse apenas oito anos, naquele dia fiquei a saber que a Titi ia ser muito infeliz e que grande desgraça se abateria sobre ela.
Na madrugada fatídica em que recebi o telefonema da minha irmã a dizer que a Titi tinha desaparecido, eu soube imediatamente o que tinha acontecido.
Enquanto um bairro inteiro a procurava por ruas e ruelas, eu dirigi-me à estreita vereda onde diariamente passava com ela na minha infância, e procurei o poço. Quando cheguei lá, a medo, espreitei para dentro e fugi imediatamente.
Felizmente tinha-me enganado. Ela não estava ali. Oito dias depois quando o dono da quinta foi regar, encontrou-a no poço onde eu a tinha procurado. Não a tinha visto por, naquele dia, ainda se encontrar submersa.
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