DOR NA ALMA


"Creio que foi por causa da minha infância, ou melhor, do meu passado que permiti que o homem com quem casei fosse um déspota para mim.

Talvez sentisse que merecia o que ele me fazia. 

O meu pai espancava-me quando eu era criança, com quatro ou cinco anos, a minha mãe nunca fez nada para evitar isso. Comecei a não sentir amor por aquela pessoa que devia proteger-me e amar-me e nada fazia. A minha irmã era o foco de todas as atenções e mimos, eu, o patinho feio, era o bombo da porrada e outras atrocidades. 

Lembro-me de, com apenas seis anos, abrir uma gaveta dum aparador com portas de vidro de correr onde se guardavam os cristais e com duas gavetas no fundo que serviam para guardar documentos, sentada no chão procurei a minha cédula. Precisava de confirmar que aqueles eram mesmo os meus pais. Na minha pequena cabecinha sentia que se não merecia o amor deles é porque certamente me teriam apanhado no caixote do lixo.

Penso que foi por isso que permiti que o meu ex-marido me maltratasse, fosse duro e áspero comigo. Achava que não merecia melhor e deixei-me ser tratada como uma marioneta. 
Sentia-me tão sozinha, tão assustada, não tinha ninguém a quem recorrer, então deixei que esse homem me reduzisse a um trapo."


Retirado do livro de Mary Sil




PAZ DIVINA

Comentários

  1. Respostas
    1. Por alguma razão que desconheço as mensagem só hoje apareceram.
      São dias de desabafo, daqueles em que a dor já não tem lugar no coração e precisa sair, ainda que seja para o papel.
      beijinho

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