O MILAGRE
Nasci única e inimitável, igual a qualquer outro ser humano. Exatamente com as mesmas possibilidades ou talvez não.
Um adulto pode decidir que caminho tomar e quais as escolhas a fazer, mas como pode uma criança fugir de uma infância horrível?
São muitas as crianças que passam por enorme turbulência nas suas vidas. A umas falta-lhes um pai ou uma mãe, quem sabe até os dois, a outras falta alimento na mesa, a outras alegria, a outras roupa para cobrir os seus corpos enregelados. A mim faltou-me AMOR.
Sou uma vencedora. Sou-o porque ganhei a primeira e a mais importante competição de toda a minha existência. Contrariei estatísticas e desafiei regras matemáticas de probabilidade ao derrotar os milhões de concorrentes que comigo competiram a nadar freneticamente em direção ao útero. Não foi tarefa fácil. Somente um dos espermatozoides é bem-sucedido nessa corrida de mais de quarenta milhões de concorrentes. Foi um espermatozoide específico, do meu pai, que levou a um óvulo da minha mãe as moléculas de DNA que, com as dela, deram as instruções genéticas para eu estar aqui. Imagine se eu não tivesse vencido a minha primeira corrida, as minhas hipóteses eram praticamente inexistentes. E se tivesse morrido ao chegar ao ambiente ácido da vagina? Mas eu nunca admiti recuar, era cheio de garra e teimosia e tinha que vencer. Não foi tarefa fácil resistir. Muitos obstáculos encontrei pelo caminho, o trajeto pelos canais é não só labiríntico como cheio de perigos: ao invadir o muco, sofri um ataque de uma legião de glóbulos brancos hostis, três vezes mais numerosos do que os milhões de espermatozoides que tive que derrotar. Atravessei o útero até aos ovários, numa corrida eletrizante, vencendo todas as barreiras, todos lutávamos desesperadamente para forçar a entrada, mas só eu consegui. Eu fui o nadador imbatível na velocidade. Participei na maior, mais excitante e perigosa aventura da existência e VENCI.
Um adulto pode decidir que caminho tomar e quais as escolhas a fazer, mas como pode uma criança fugir de uma infância horrível?
São muitas as crianças que passam por enorme turbulência nas suas vidas. A umas falta-lhes um pai ou uma mãe, quem sabe até os dois, a outras falta alimento na mesa, a outras alegria, a outras roupa para cobrir os seus corpos enregelados. A mim faltou-me AMOR.
Sou uma vencedora. Sou-o porque ganhei a primeira e a mais importante competição de toda a minha existência. Contrariei estatísticas e desafiei regras matemáticas de probabilidade ao derrotar os milhões de concorrentes que comigo competiram a nadar freneticamente em direção ao útero. Não foi tarefa fácil. Somente um dos espermatozoides é bem-sucedido nessa corrida de mais de quarenta milhões de concorrentes. Foi um espermatozoide específico, do meu pai, que levou a um óvulo da minha mãe as moléculas de DNA que, com as dela, deram as instruções genéticas para eu estar aqui. Imagine se eu não tivesse vencido a minha primeira corrida, as minhas hipóteses eram praticamente inexistentes. E se tivesse morrido ao chegar ao ambiente ácido da vagina? Mas eu nunca admiti recuar, era cheio de garra e teimosia e tinha que vencer. Não foi tarefa fácil resistir. Muitos obstáculos encontrei pelo caminho, o trajeto pelos canais é não só labiríntico como cheio de perigos: ao invadir o muco, sofri um ataque de uma legião de glóbulos brancos hostis, três vezes mais numerosos do que os milhões de espermatozoides que tive que derrotar. Atravessei o útero até aos ovários, numa corrida eletrizante, vencendo todas as barreiras, todos lutávamos desesperadamente para forçar a entrada, mas só eu consegui. Eu fui o nadador imbatível na velocidade. Participei na maior, mais excitante e perigosa aventura da existência e VENCI.
Nove meses depois nasceu um bebé.
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