O DIREITO A BRINCAR

Uma criança chega ao mundo com um único propósito, brincar. Se cresce num ambiente em que não lhe é permitido brincar, cresce em sofrimento. Eu cresci assim. Sem brincar e com exigência de perfeição. A brincadeira foi substituída pelo trabalho duro, quer a ajudar o meu pai nas suas tarefas quer a aprender a escrever, ler, fazer contas e a tabuada. Tinha que saber tudo na ponta da língua, ou sabia ou levava com o assentador no cu se não fosse noutro sitio qualquer onde me apanhasse quando eu fugia dele. 

Com um pai duro e intolerante estavam criados os alicerces para me tornar um adulto perturbado.

Da minha infância não lembro apenas as sovas do meu pai. Cicatrizes desses maus tratos tenho-as no corpo, mas na alma há cicatrizes das palavras da minha mãe. 

Lembro-me de apenas com seis anos andar á procura da minha cédula para ver se era filha daqueles pais ou se teria sido apanhada num caixote de lixo. Como amigos de infância, lembro-me apenas dos gafanhotos que ia guardando na minha pequena mão que não chegava para todos os que apanhava, quando a abria para guardar mais alguns e via que estavam esmagados, chorava copiosamente. Eu só queria ter amigos, não pretendia fazer-lhes mal.

(Retirado do livro de Mary Sil)



PAZ DIVINA

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